As Plêiades e o Halloween
- Filipa Araújo

- 31 de out.
- 4 min de leitura
O que são as Plêiades?
As Plêiades são um aglomerado de estrelas localizadas na constelação de Touro, a aproximadamente 440 anos luz da Terra.

Denominadas também como as " Sete Irmâs", o que sugere que são apenas sete estrelas, o aglomerado tem mais de 1,000 estrelas.
Dessas, apenas seis são visiveis a olho nu. Contudo, pode ser vista uma sétima por observadores mais atentos e com prática na observação do céu noturno. Recentemente, alguns astrónomos sugeriram que a sétima estrela mais brilhante das Plêiades varia em brilho, o que explica por que nem sempre é visível.
Aliás, em Astrologia das Natividades e Médica, esta constelação é associada a questões oculares, e na Antiguidade era usada para testar a acuidade visual.
Uma das características distintivas das estrelas das Plêiades é a sua impressionante cor azul. Isso deve-se às propriedades das estrelas, principalmente às suas altas temperaturas.
Como e quando ver as Plêiades?
A melhor época para observar as Plêiades no hemisfério norte é durante os meses de inverno, de outubro a março.
Elas são visíveis durante os mesmos meses no hemisfério sul, embora sejam um asterismo de verão e apareçam mais baixas no céu.

As Plêiades estão localizadas na constelação de Touro, que pode ser encontrada identificando a constelação de Órion, o Caçador, com o seu distinto «cinto» de três estrelas.

Siga a linha formada pelo cinto para cima até encontrar uma estrela vermelha brilhante chamada Aldebaran.
Aldebaran é o Olho do Touro ( constelação de Touro) e o seu nome vem da palavra árabe para «seguidor» - já que esta estrela normalmente segue as Plêiades pelo céu.
A partir de Aldebaran, continue na mesma direção até ver um grupo compacto de estrelas azuis, e terá encontrado o aglomerado das Plêiades.
As Plêiades desde a Idade de Bronze - Mitos e Lendas
As Plêiades aparecem na mitologia e no folclore de diferentes culturas em vários continentes e séculos, e eram conhecidas pelo menos desde a Idade do Bronze.

Os temas comuns em muitos dos mitos são o amor, a tragédia e a beleza eterna do céu.

Desde a Antiguidade que este aglomerado de estrelas está ligado ao luto e ao choro e à transição para a altura de maior escuridão no hemisfério norte.
O sitio arqueológico Göbleki Tepe está, muito provavelmente, relacionado não só com a estrela Sirius, mas também com as Plêiades.
Para alguns académicos, os relevos da figura b) acima com os sete passáros representam as Plêiades. Já outros investigadores propõem que Göbleki Tepe tenha sido um observatório astronómico, e um pilar específico ( 27) tenha sido usado para marcar a culminação simultânea das Plêiades, α Persei, e a 36 Draconis.
As Plêiades na Mesopotâmia e nas Tábuas Cuneiformes

Na Antiga Mesopotâmia, o número 7 estava particularmente associado à perfeição e à completude e assim se associava a vários grupos de 7 - os sete deuses do Panteão, às sete mães-deusas, aos 7 irmãos de Ishtar, entre outros.
Assim as Plêiades eram associadas aos Deuses do Panteão, nomeadamente,Anu, Enlil, Enki / Ea, e às três estrelas errantes Lua, Sol e Vénus e a uma sétima deusa - a deusa mãe Ninhursaĝa ou a deusa do submundo Ereṣ̌kigal.
Eram descritas como "as sete grande deusas" no MUL.APIN I i 44.
Há um augúrio neo-assírio que reporta claramente a associação das Plêiades com sete grandes deuses que se reuniam periodicamente para determinar os destinos da Humanidade.
" [Se no] mês de Ayaru (II) as Estrelas ( Plêiades) - as sete grande deusas nascerem
no tempo apropriado: os grandes deuses reunir-se-ão para tomarem decisões favoráveis sobre a terra; ventos suaves soprarão" (Hunger, 1992,:no 275 II.6 - r.3)
As Plêiades e o Halloween
Acredita-se que um antepassado do Halloween – Samhain, antiga tradição druída – acontecia na noite em que o aglomerado estelar das Plêiades atingia o seu ponto culminante à meia-noite.
Diz-se que o seu clímax era quando o véu que separava os vivos dos mortos estava mais fino.
Desta forma, este aglomerado é desde a antiguidade associado ao ritual da morte, ao luto e ao oculto.
Em outras palavras, as Plêiades atingiam o seu ponto mais alto no céu à meia-noite, na mesma data ou perto dessa data, que é o dia do quarto do quadrante.*

Equinócios, solstícios e dias intercalares ( quartos de quadrante) são marcos da órbita da Terra em torno do sol. O Halloween é o quarto dia intercalar do ano. Ilustração via NASA.
Atualmente, a culminação do aglomerado das Plêiades à meia-noite ocorre em 21 de novembro, mas o Halloween é fixado em 31 de outubro.
Presumindo a suposta ligação entre Samhain e o auge das Plêiades à meia-noite, os dois eventos ocorreram na mesma data ou perto dela no século XI d.C. (1001-1100) e no século XII (1101-1200).

Isso foi vários séculos antes da introdução do calendário gregoriano.
Naquela altura, quando o calendário juliano estava ainda em uso, o dia do quarto de quadrante e o culminar das Plêiades à meia-noite caíam a 31 de outubro.
Halloween e a Astronomia
O Halloween ( All Hallows' Eve) pode ser o descendente moderno do Samhain.
No entanto, na sua essência, o Halloween é um feriado astronómico. É um dia entre quartos e um testemunho do profundo conhecimento do céu por parte dos nossos antepassados.
*Os dias intercalares caem mais ou menos a meio caminho entre os equinócios (quando o sol se põe a oeste) e os solstícios (quando o sol se põe no seu ponto mais a norte ou a sul no horizonte). O Halloween – 31 de outubro – fica aproximadamente a meio caminho entre o equinócio do outono (setembro) e o solstício do inverno (dezembro) no hemisfério norte. No hemisfério sul, o equinócio de setembro anuncia a primavera e o solstício de dezembro, o verão.
Em outras palavras, na astronomia tradicional, há oito grandes subdivisões sazonais em cada ano. Elas incluem os equinócios de março e setembro, os solstícios de junho e dezembro e os quatro dias intercalares entre eles.




