O ZODÍACO ESCONDIDO
- Moiras Filipa & Patrícia

- 6 de nov.
- 4 min de leitura
Algumas pessoas pensam que a partir delas ( dodecatemórias) pode ser encontrada toda a essência de um mapa e defendem que tudo o que está escondido num mapa pode ser revelado pelas dodecatemória.
Firmicus Maternus
No passado ia 25 de Outubro, tivemos o prazer de apresentar nas Jornadas Astrológicas de Outono, em Tomar, uma lecture subordinada ao tema das dodecatemória.
Para todos aqueles que não puderam estar presentes fica aqui uma resenha daquilo que por nós foi dito, assim como alguns dos powerpoint apresentados.
As dodecatemória são divisões de cada um dos trinta graus de um signo em doze partes iguais, de dois graus e meio cada uma delas.
São, assim, divisões de cada um dos signos em parcelas mais pequenas, à semelhança dos decanatos , estes últimos divisões de dez graus cada um deles.
A cada uma destas doze partes, ou dodecatemória, ou, ainda, duodécimo, é atribuído um signo, por forma que dentro de cada signo é como se existisse todo um outro zodíaco. Cada signo contém, como que escondido dentro de si, os doze signos – zodíaco escondido.
À primeira dodecatemória é atribuído o próprio signo e as seguintes são atribuídas de acordo com a ordem dos signos - exemplo: a primeira dodecatemória de touro é touro, a segunda, gémeos, a terceira, caranguejo e assim por diante, seguindo a ordem zodiacal.

A sua origem remonta muito possivelmente à Mesopotâmia, tendo posteriormente sido incorporadas na astrologia helenística, juntamente com os decanatos e os termos.
Os astrológos medievais perso-islâmicos elevaram o seu uso, expandiram a técnica, usando consistentemente as dodecatemória em todos os ramos de astrologia - horária, eletiva, natal e no horóscopo contínuo.
O seu uso decaiu na astrologia ocidental a partir de finais da Idade Média, tendo, no entanto, continuado a ser usadas na Ásia Central e Índia.

Voltemos à Mesopotâmia.
O calendário mesopotâmico era principalmente lunar, os meses começavam com o primeiro avistamento da lua crescente, logo após o pôr do sol no horizonte ocidental. As celebrações rituais, no entanto, estavam alinhadas com as estações do ano e, portanto, eram de natureza solar. As dodecatemória eram, então, usadas, para alinhar o calendário lunar com o calendário solar.


As dodecatemória foram usadas consistentemente no período helenístico sendo referidas nas fontes primárias dos autores infra:

É na astrologia medieval perso-islâmica que as dodecatemória atingem o seu máximo esplendor.
Em Astrologia Horária, as dodecatemória eram usadas essencialmente para descobrir motivos ocultos ou as verdadeiras intenções do querente, sendo muito importantes para encontrar objetos perdidos e até o nome do ladrão em caso de objetos furtados ou roubados.

Nas Natividades, eram e são atualmente por nós usadas, quer no radix, quer em técnicas preditivas, sendo que são sempre vistas atentamente as dodecatemória de, pelo menos, Ascendente, luminar da seita, MC, fortuna e dos lotes utilizados em cada caso concreto.
Vejamos um exemplo de uso do Zodíaco Escondido em Natividades:

O professor Agostinho da Silva (1906-1994) foi um dos maiores filósofos e pensadores português de todos os tempos.
Licenciou-se em Filologia Clássica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura com 20 valores. Um ano após a licenciatura, e com apenas 23 anos, doutorou-se com louvor.
Estudou na Sorbonne , no Collége de France e em Madrid.
Deu aulas no ensino secundário mas em 1935 foi demitido do ensino oficial por se recusar a assinar a Lei Cabral - lei que obrigava os funcionários públicos a declararem por escrito que não pertenciam a qualquer organização secreta e que previa sanções aos que pertencessem a qualquer tipo de "associação secreta" independente das finalidades da organização.
Foi preso pela polícia política em 1943 tendo abandonado o país em 1944 rumo à América do Sul, passando pelo Brasil, Uruguai e Argentina.
Viveu exilado no Brasil até 1969 tendo trabalhado no Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro, estudado entomologia e ensinando simultaneamente na Faculdade Fluminense de Filosofia. Ensinou na Universidade Federal da Paraíba em João Pessoa e também em Pernambuco.
Continuou a escrever e a lecionar em diversas universidades portuguesas, dirigindo o Centro de Estudos Latino-Americanos da Universidade Técnica de Lisboa e tendi um papel de relevo no atual Instituto Camões.
Foi e é um dos principais intelectuais portugueses do século XX, tendo sido filósofo, poeta, ensaísta, professor, filólogo, pedagogo e tradutor português.
Deixou-nos uma obra riquíssima da qual se destaca o livro Sete cartas a um jovem filósofo, publicado em 1945.

A genialidade do professor Agostinho da Silva há-de ser demonstrada, no seu mapa natal, através de Mercúrio - o significador universal do intelecto, comunicação, argumentação, lógica e sabedoria e conhecimento.
Ora, Mercúrio, que é também o regente do Ascendente, encontra-se a 18º e 48´de Aquário, tem triplicidade e face. Está oriental ao sol, combusto e conjunto à Cauda do Dragão - considerada desafortunada. Está cadente do ângulo, sem força e numa casa desafortunada e em aversão ao Ascendente.
Não é, salvo melhor opinião, um Mercúrio que nos espelhe a genialidade do seu dono.
Sucede que a dodecatemória de Mercúrio é Virgem.
Por um lado, por dodecatemória, temos um Mercúrio num signo associado à filosofia. Mercúrio em Virgem é tradicionalmente associado a escritores, filósofos estudiosos e a habilidade oratória, retórica e de gramática - veja-se o post sobre virgem na série "Introdução aos Signos".
Por outro lado, por dodecatemória, Mercúrio está posicionado na casa I - está angular, domiciliado, exaltado e em júbilo.
E Mercúrio jubilado oferece ao nativo o dom da oratória e do conhecimento. Bom, pelo menos ao Professor Agostinho da Silva, sem dúvida ofereceu.
Abordaremos mais vezes este tema, assim como os outros dois tópicos que fazem parte do conteúdo do curso de Zodíaco Escondido. A saber, as novenárias e as mansões lunares.






